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NA ROTA DO RALLY DAKAR 2010 - Cidade invisível*por Henrique Skujis - (imprensa@parisdakar.com.br) 11/01/2010 O acampamento, batizado no Dakar de Bivouac (termo francês para designar acampamentos de guerra), muda sua localização de um dia para o outro. Casas, restaurantes, hospitais, oficinas mecânicas, escritórios, borracharias, postos de gasolina são empacotados para seguir nas primeiras horas da manhã a bordo de dezenas de aviões, helicópteros, carros e caminhões até o próximo endereço. Quando seus milhares de habitantes chegam, Bivouac já está montada, quase idêntica à antecessora. Só a localização no mapa mudou. Para mover a cidade pela África, um exército de 300 pessoas se encarrega de desmontar e montar tudo. O desmanche começa por volta das 22h. A tenda de imprensa, por exemplo, com paredes e tetos de lona, impressoras, computadores, mesas e bancos, é esquartejada a ponto de caber em uma dúzia de caixas. Na manhã seguinte, já está a centenas de quilômetros, pronta, como se tivesse sido teletransportada. O mesmo acontece com o hospital, onde 50 médicos trabalham para socorrer desde uma pequena dor de garganta até fêmures quebrados, traumatismos cranianos... Vale lembrar que a grande diversão dos moradores dessa cidade móvel é apostar corridas entre a extinta e a nova Bivouac. Eles fazem isso a bordo de veículos cheios de potência diariamente, por mais cansados que estejam. Um perigo. Por isso, vinte doutores ficam de prontidão, em terra, esperando pelos feridos. O restante dos médicos passa o dia voando em helicópteros à caça dos inevitáveis acidentes. Nos dois restaurantes e na limpeza da cidade trabalham sempre as mesmas 70 ou 80 pessoas. Por dia, elas servem 6 mil litros de água e 1,5 tonelada de comida. Outros tantos cuidam do abastecimento das aeronaves e dos veículos – são 100 mil litros de combustível por dia. O que muda quase sempre na cidade é o piso. Quando Bivouac está no Marrocos, costuma ser de asfalto. Na Mauritânia, o reino das dunas, é a vez da areia ficar sob os pés dos moradores. Quando a cidade segue para o Mali, o piso é de terra e de grama amarela, típica das savanas africanas. A peregrinação da cidade acontece por duas semanas, em janeiro. No restante do ano, Bivouac fica dobrada em caixas, adormecida. Seus habitantes voltam para as suas cidades de verdade para consertar e preparar as máquinas com as quais vão viajar de Bivouac para Bivouac no próximo ano. * texto inspirado no livro Cidades Invisíveis, de Ítalo Calvino Itens relacionados: »10/01/2010 Dakar 2010 é presente de filho para pai »09/01/2010 Conclusões da primeira metade do Dakar »09/01/2010 NA ROTA DO RALLY DAKAR 2010 - Dando carona para o Murphy »07/01/2010 Klever Kolberg concede entrevista ao site Grande Prêmio »07/01/2010 NA ROTA DO RALLY DAKAR 2010 - O Rally da mídia »06/01/2010 Etanol a 4 mil metros de altitude »05/01/2010 Etanol brasileiro continua aventura no Dakar »05/01/2010 NA ROTA DO RALLY DAKAR 2010 - Vida de touareg |
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