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Notícias
Luto na rota do Rally Dakar 2008
por Klever Kolberg - (imprensa@parisdakar.com.br)
04/01/2008
O cancelamento da 30a edição do Rally Dakar às vésperas da largada, pela própria A.S.O. (empresa organizadora da prova), devido às ameaças de ataques terroristas feitas pela Al Qaeda, grupo comandado por Osama Bin Laden, surpreendeu a todos: pilotos, equipes, jornalistas e torcedores.
Na semana passada a A.S.O. enviou representantes a Nouakchott, capital da Mauritânia, para uma reunião com autoridades locais e membros da embaixada francesa, onde foi avaliada a condição de segurança após o assassinato de quatro turistas franceses naquele território no dia 24, véspera de natal.
As autoridades locais deram garantias ao próprio Etienne Lavigne, diretor geral da A.S.O. Prometeram tomar as devidas providências para garantir a passagem do rali, inclusive reforçando a segurança e efetivo militar. Inicialmente Lavigne decidiu manter inalterado o percurso da prova, mas pediu vigilância.
Nesta sexta-feira, dia 04/01, as verificações técnicas e administrativas dos competidores e veículos seguiam o cronograma planejado. Todos já estavam ansiosos pela largada no dia seguinte. Por coincidência, justamente quando a Equipe Petrobras Lubrax se apresentava, o trabalho foi interrompido e minutos mais tarde o comunicado oficial da organização que o rali estava cancelado.
Muitos não acreditaram no que escutaram, houve quem achasse ser uma brincadeira de mau gosto, ou falha de comunicação. Mas a triste notícia ainda foi acompanhada da informação que as inscrições seriam reembolsadas até o final de fevereiro, que os veículos poderiam ser retirados do parque de exposições e que a prova acontecerá em 2009. Curto e grosso.
Sinto pelo rali, pelos competidores, pelas equipes e todos que planejaram, trabalharam e investiram durante um ano para conquistar o melhor desempenho no evento.
Sinto pelo povo da Mauritânia, país que não freqüenta a lista dos mais desenvolvidos ou com elevado grau de qualidade de vida. Além da diversão, o Dakar leva carinho, médicos, solidariedade, muitos recursos e cria postos de trabalho por onde passa. Eles contavam e precisavam desta oportunidade, mais do que os competidores ou organizadores. Como lembrança o país tem sua imagem aranhada.
Sinto pelo esporte, já que o cancelamento abre um perigoso precedente na história. Fica a pergunta, terá o esporte se tornado um refém de causas rebeldes, de grupos mafiosos, de organizações criminosas, obrigando governos a tecerem contratos de gaveta? A onde estará a segurança? Quem será a próxima vítima. Logicamente não estou me referindo apenas ao território da Mauritânia ou ao Rally Dakar.
Na edição 2000, a organização da prova se viu às voltas com a eminência de um ataque do GIA (Grupo Islâmico Armado). Naquela ocasião o rali já tinha percorrido metade do percurso. A organização, na época liderada por Hubert Auriol, investiu na montagem de uma gigantesca ponte aérea de 3000 quilômetros, transferindo tudo e a todos, para longe do risco.
Em outras ocasiões, como nas recentes edições de 2006 e 2007, roteiros foram alterados repentinamente, para desviar regiões de risco. Mas desta vez o mal venceu, goleou de 10x0. Devem estar brindando, comemorando o êxito.
Estou triste, mas tenho que concordar com a organização, que disse ter utilizado o bom senso. É um dia de luto no esporte, inocente que nada tem a ver com questões políticas ou religiosas.
Como bom esportista, vou persistir, levantar a cabeça, olhar para frente, pensar no futuro, aprender com esta lição ingloriosa.
Klever Kolberg
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