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Novo roteiro para o Rally Dakar
por Klever Kolberg - (imprensa@parisdakar.com.br)
05/01/2008
 Mapa da África Foto: Agência
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O cancelamento da 30a edição do Rally Dakar devido às ameaças de ataques terroristas me leva a estudar alternativas de roteiro para o futuro da prova. Para limitar a criatividade, eu acho que inicialmente a prova deveria tentar manter um percurso próximo do original, largando da Europa e chegando a capital do Senegal, Dakar, evitando as áreas de risco.
Na verdade isso já vem sendo feito pela organização. Nas primeiras 10 edições do Dakar, de 1979 a 1988, o desembarque na África sempre aconteceu em território Argelino, na capital Alger. Inclusive o nome oficial da prova era Rally Paris-Alger-Dakar. Devido ao crescimento da insegurança no país, o roteiro mudou para a Tunísia e Líbia.
Uma derradeira tentativa de voltar a Argélia aconteceu em 1993, já que a região tem ótimas condições geográficas para a prática deste esporte. Mas foi um grande risco, um roteiro de etapa foi modificado as pressas e nunca mais o rali colocou seus pés por lá.
Entrando na África pela Argélia ou pela Líbia, para se chegar o Senegal se segue em direção ao sul, onde encontramos os territórios do Chade, Níger, Mali e Mauritânia.
Em 1991, às vésperas do dia D, ultimato do governo americano para Saddam Hussein tirar suas tropas do invadido Kuwait, a caravana do rali atravessava o Mali, quando o co-piloto de um caminhão de apoio foi assassinado a tiros, numa área onde havia conflito civil, apesar das garantias de segurança oferecidas pelas autoridades locais.
A resposta da organização foi fazer um trajeto completamente diferente, onde o destino deixou de ser Dakar, e a edição de 1992 terminou na Cidade do Cabo, África do Sul. Apesar da medida, durante a travessia do Chade, a prova é ameaçada por rebeldes. Uma etapa é cancelada e improvisado um desvio que foi duramente criticado pelos competidores, já que não houve qualquer escolta, nem ao menos um roteiro claro. Já antes da largada, estava prevista uma ponte aérea/naval, que levou competidores e máquinas, dos Camarões para Angola, evitando o Congo, onde o momento era de conflito civil.
Eu já comentei 1993. Para 1997 a organização, devido a questões políticas, abandona a Líbia. Um roteiro novo, largando de Dakar, indo até o Níger, na cidade de Agadez e voltando a Dakar. Infelizmente, num evento totalmente desligado da prova, duas pessoas morrem num conflito entre tribos touaregs e o exército local. A organização muda o trajeto de uma etapa, evitando a área de risco.
O Níger já era tradicional no roteiro, mas este conflito entre o governo e tribos touaregs, também afastaram o Dakar daquele território, onde está o famoso deserto do Ténérré, que deu nome a um modelo das motos Yamaha que disputavam a prova.
Também se fez uma tentativa de voltar para lá, em 2000, na prova que largou de Dacar e chegou na cidade do Cairo, ao lado das pirâmides do Egito, roteiro novo para marcar a virada do milênio. Infelizmente a ameaça de um atentado terrorista obrigou a organização a cancelar quatro etapas e investir num gigantesco sistema de ponte aérea, para levar pessoas e equipamentos a salvo, de Niamei, capital do Níger, para Sabha, na Líbia, a 3.000 quilômetros de distância.
A partir de então o rali passou a utilizar o Marrocos como porta de entrada da África, seguindo para a Mauritânia. Diante das atualidades é desnecessário se comentar sobre a Mauritânia. O norte do Marrocos já é mais desenvolvido e turístico, mas ao sul se encontra a região do Saara Ocidental, ainda insegura.
Portanto, percebemos que se forma um cinturão de insegurança isolando a chegada a Dakar por terra. Inicialmente restaria a organização fazer toda a prova no Marrocos ou voltar à Líbia e Egito, que somados resultam numa área muito maior. Já existem provas tanto no Marrocos como no Egito, que fazem parte do calendário mundial.
Outras alternativas como a própria Europa, Ásia e até mesmo a América do Sul, neste momento são apenas campos das especulações. Mas não devem ser descartadas. Minha torcida, desde criança, é pelo Brasil.
Klever Kolberg
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